Tendo lido a última postagem sobre a evolução da busca por direitos pela comunidade no final do século passado, grupos como a ABGLT foi uma das instituições a mostrar o caminho para conseguirmos efetivamente conquistar dignidade em esferas da vida pública e privada; sem medo de morrer por violência dentro e fora de casa.
Foto: Canva
A corrida foi grande nas últimas décadas do século XX porque houve mobilização para humanização dos homossexuais no âmbito da saúde como foi o caso da despatologização da homossexualidade. No entanto, a luta ainda parecia do lado de fora da ação política do ponto de vista partidário. As discussões eram feitas dentro dos espaços feitos pelos grupos e associações, porém ainda faltava agir dentro das regras do jogo político, assim como fizeram as sufragistas com a luta pelo direito de votar.
A participação das minorias dentro dos espaços de poder depende de questões fora da política, portanto, não podemos esquecer que elas não têm culpa de não estarem esses lugares que são negados sistematicamente a elas. Foi necessário um tencionamento desses grupos para que pudessem ter a chance de serem sequer vistos, porque conseguir ouvidos ainda é uma tarefa difícil.
No momento que esses grupos LGBTQIAP+ conseguiram espaço parlamentar, o ritmo parece ter mudado porque as discussões agora não eram apenas chamar atenção ou discutir as pautas entre si, mas de expandir todos os tópicos da estruturação social, que fundamentam a consolidação a estrutura de preconceito, mantendo a situação como ela sempre foi. A busca agora era pela oportunidade de poder estar presente na educação básica, era de estar presente em planos que estivessem à frente daquilo que antes os grupos levavam até os parlamentares ou até as ruas.
Um desses planos foi justamente o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), refeito em mais de uma versão durante os anos em que as pautas começaram a adentrar o campo de poder político, pois sem isso ainda estaríamos dependendo de pessoas que não são LGBT+ para nos representar legislativa e juridicamente. Então, o ponto é a importância do alcance da participação política como ferramenta democrática usada para educar uma sociedade machista que insiste em delegar suas vontades como sendo verdades absolutas simplesmente para satisfazer interesses sociopolíticos e econômicos dos homens brancos, héteros e cis.
Esquecer a diversidade é anular a própria existência, mesmo em qualquer outra sociedade homogênea de marcadores raciais e econômicos, ainda se torna preocupante a existência da intolerância contra o que é condicionado a estranho ou inaceitável. A diferença é natural, além de que a situação de convivência com outras pessoas vai produzir pessoas psicossocialmente diversas, porque elas vão sentir, associar e agir dentro dos padrões socioculturais, embora, ainda assim, em um nível particular, mais conhecido como autonomia.
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