Novas palavras foram criadas para promover a inclusão e fortalecer a proteção legal da comunidade LGBTQIAP+.
Recentemente, uma inovadora abordagem sobre a identidade sociopolítica da comunidade LGBTQIAP+ emergiu das discussões teóricas e práticas conduzidas por estudiosos pernambucanos. Em um artigo publicado na revista COR LGBTQIA+, foram introduzidos dois novos termos que prometem redefinir a compreensão e a abordagem das questões relacionadas à diversidade de gênero e sexualidade. Esses termos são "Picilia" e "Picilofobia", e eles representam um avanço significativo na luta contra a discriminação e pela inclusão.
Picilia é um termo derivado do grego Ποικιλια (Poikilía), que significa diversidade. Adaptado para o português, este termo visa englobar a identidade sociopolítica da comunidade LGBTQIAP+, representando a pluralidade de gêneros e sexualidades que não se enquadram na cis-heteronormatividade. O objetivo é fornecer uma terminologia que unifique e represente a comunidade de maneira mais inclusiva e abrangente.
Por outro lado, Picilofobia é um termo que designa a aversão ou ódio pela diversidade de gênero e sexual que transcende a divisão binária. A criação deste termo busca fornecer uma ferramenta jurídica capaz de englobar as várias formas de violência e discriminação que a comunidade LGBTQIAP+ enfrenta, semelhante à forma como "homofobia" é usada atualmente. Ao introduzir Picilofobia, os autores esperam facilitar a tipificação jurídica desses crimes, promovendo maior reconhecimento e proteção legal para a comunidade.
O artigo é sustentado por teorias de renomados estudiosos como Judith Butler, Émile Durkheim e Lévi-Strauss. Butler, conhecida por sua discussão sobre a heterossexualidade compulsória, é fundamental para entender como a sociedade impõe normas de gênero que marginalizam a diversidade. Durkheim, com sua teoria sobre coesão social, ajuda a contextualizar a importância de reconhecer e valorizar a diversidade para fortalecer os laços sociais. Lévi-Strauss contribui com sua visão sobre alianças sociais, mostrando como a união de grupos diversos é essencial para a formação de uma sociedade justa e inclusiva.
A necessidade de criar esses novos termos também surge da observação de que a falta de tipificação jurídica e a subnotificação de crimes contra a comunidade LGBTQIAP+ são reflexos de uma sociedade que ainda não reconhece plenamente a diversidade de gênero e sexualidade. Ao introduzir Picilia e Picilofobia, os autores pernambucanos buscam preencher essa lacuna, promovendo uma maior proteção e reconhecimento dos direitos da comunidade LGBTQIAP+.
Os autores do artigo, Leandro Sipriano de Santana e Émerson Rodrigues de Souza, são acadêmicos pernambucanos com uma forte atuação na defesa dos direitos LGBTQIAP+. Leandro é licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atua como Cientista Social na ONG Arco, localizada na Região Metropolitana de Recife. Émerson, advogado e membro da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB/PE, possui vasta experiência na advocacia cível e está atualmente se especializando em Direito Penal e Processual Penal e também realiza trabalho voluntário na ONG Arco. Ambos os autores trazem uma combinação de experiência acadêmica e prática jurídica que fortalece a argumentação apresentada em seu artigo.
Essas novas terminologias representam um passo importante na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Elas não apenas fornecem um vocabulário mais inclusivo, mas também pavimentam o caminho para avanços jurídicos e sociais que podem garantir uma maior proteção e valorização da diversidade. À medida que esses termos ganham aceitação e uso, espera-se que contribuam para uma mudança significativa na maneira como a sociedade lida com as questões de gênero e sexualidade, promovendo um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos.
Para saber mais, acesse o artigo completo no link da Revista COR LGBTI: https://revistas.ceeinter.com.br/CORLGBTI/article/view/947/1190
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